Uma experiência de múltiplos significados. Camadas que se desdobram em mais camadas e sentidos. Eis o que, dentre tantos outros atributos, pode-se dizer deste livro. Obviamente tal característica, muitos dirão, é inerente a toda verdadeira poesia. Concordo, mas para tanto precisa ser Verdadeira Poesia. E é o que temos aqui. Linguagem insensata. Insubmissa. Palavra que não se dobra à domesticação, buscando efeitos para o céu de alguma imagem ou fera empalhada com a dita “fúria contida” para agradar diluidores.

Neste aguarrás, corpo e linguagem, feitos um só, para a construção do poema como um estranho animal, um ser que desloca-se internamente. Cava, escava para criar o seu próprio modo de existir. Um organismo vivo que se movimenta, expande-se e metamorfoseia-se, conforme avançamos na espiral de sua leitura.